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Nvidia em Queda: O Medo da IA Eficiente Está Derrubando o Mercado de Chips?

Fachada de um prédio com o logotipo verde da Nvidia em destaque.

Nvidia em Queda: O Medo da IA Eficiente Está Derrubando o Mercado de Chips?

Se você acompanha o mercado de tecnologia, já deve ter notado o terremoto que abalou as ações da Nvidia e de outros gigantes dos semicondutores nesta semana. A empresa, que há anos reina como a rainha dos chips para inteligência artificial (IA), viu suas ações despencarem cerca de 6% em 6 de março de 2025, arrastando consigo nomes como Broadcom e AMD. O motivo? Um crescente nervosismo entre os investidores sobre o futuro da demanda por IA – e um nome em particular está no centro dessa tempestade: DeepSeek, o modelo de IA chinês que promete fazer mais com menos. Mas será que esse medo todo faz sentido, ou estamos diante de uma reação exagerada do mercado?

O Que Está Acontecendo?

Tudo começou lá em janeiro, quando a startup chinesa DeepSeek lançou seu modelo V3, uma IA que impressionou o mundo ao ser treinada com uma fração dos recursos que gigantes como o GPT-4 da OpenAI demandaram. Enquanto modelos ocidentais custam dezenas ou até centenas de milhões de dólares em poder computacional, o DeepSeek V3 foi criado com algo em torno de US$ 5,5 milhões e menos de 3 milhões de horas de GPU. O resultado? Uma IA eficiente que desafia a lógica de que "mais poder é sempre melhor".

Para a Nvidia, que lucra justamente fornecendo os superchips que alimentam esses projetos monumentais, a notícia caiu como uma bomba. Em um único dia, a empresa perdeu impressionantes US$ 600 bilhões em valor de mercado – a maior queda diária da história. Agora, em março, os ecos desse impacto ainda reverberam, com investidores se perguntando: "Se a IA ficar mais barata e eficiente, ainda vamos precisar de tantas GPUs caras?"

O Paradoxo da Eficiência

Aqui entra uma reviravolta interessante. Sim, o DeepSeek pode reduzir a necessidade de hardware bruto no treinamento de modelos de IA. Mas o que os pessimistas talvez estejam ignorando é o chamado "paradoxo de Jevons", uma ideia econômica que diz que, quando algo fica mais eficiente, as pessoas tendem a usá-lo mais, não menos. Pense no carro: motores mais econômicos não reduziram o número de veículos nas ruas – pelo contrário, hoje temos mais carros do que nunca.

Jensen Huang, o carismático CEO da Nvidia, parece apostar nessa lógica. Em uma declaração recente, ele chamou o DeepSeek de "emocionante" e sugeriu que modelos eficientes podem democratizar a IA, levando empresas menores, startups e até governos a adotá-la em massa. E quem fornece os chips para essa nova onda de uso? Adivinhou: a Nvidia. Para Huang, o copo está meio cheio – e ele pode estar certo.

Números Que Contam Outra História

Apesar do pânico, os números da Nvidia não mentem. Em fevereiro, a empresa divulgou uma receita de US$ 39,3 bilhões no último trimestre de 2025, um salto de 78% em relação ao ano anterior, e projeta US$ 43 bilhões para o próximo trimestre. Isso mostra que, por enquanto, a demanda por seus chips segue nas alturas, especialmente em data centers e aplicações de inferência (quando a IA já treinada é colocada para trabalhar). O DeepSeek pode ser eficiente no treinamento, mas na hora de rodar modelos complexos em tempo real, GPUs poderosas ainda são indispensáveis.

O Mercado Está Exagerando?

Analistas estão divididos. Alguns, como Adam Crisafulli, da VitalKnowledge, acreditam que o mercado subestima a necessidade contínua de infraestrutura robusta para IA. Outros, como o professor Aswath Damodaran, da NYU, alertam que a eficiência pode "comoditizar" a IA, reduzindo margens e pressionando empresas como a Nvidia a longo prazo. A verdade, como sempre, deve estar no meio do caminho.

O que parece claro é que o susto com o DeepSeek reflete mais uma incerteza sobre o futuro da IA do que uma crise imediata para a Nvidia. Afinal, a empresa já passou por altos e baixos antes – quem não lembra das quedas após o boom das criptomoedas? – e sempre encontrou formas de se reinventar.

E Agora?

Para os investidores, o momento é de cautela, mas também de oportunidade. As ações da Nvidia estão em uma faixa entre US$ 110 e US$ 130, bem abaixo dos picos recentes, o que pode ser um ponto de entrada para quem acredita na visão de Huang. Para o setor de tecnologia como um todo, o DeepSeek é um lembrete de que a inovação não para – e quem não se adaptar, fica para trás.

No fim das contas, a queda da Nvidia pode ser menos um sinal de fraqueza e mais um reflexo de um mercado tentando entender para onde a IA está nos levando. Uma coisa é certa: o jogo dos chips está mais emocionante do que nunca. E você, o que acha? O reinado da Nvidia está ameaçado, ou ela vai sair dessa mais forte? Deixe seu comentário abaixo!


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